quarta-feira, 2 de novembro de 2011

NICO E LAU - UMA AULA BEM HUMORADA

J. Astrevo e Lioniê em palestra com os alunos do IPES
Tangará da Serra/MT

Quem disse que aula produz-se somente em sala? No domingo, 25/03, a turma do terceiro ano B do Ensino Médio do I.P.E.S. de Tangará da Serra/MT, comprovou que em todos os lugares aprendemos. No Centro Cultural da cidade puderam observar de maneira humorada o rico contraste entre a variante linguística culta e a variante geográfica, representada pelo dialeto cuiabano. Os responsáveis por esse encontro foram Lioniê Vitório e J. Astrevo vulgos Nico e Lau, respectivamente. Pela manhã do dia vinte e cinco de março, os pré-vestibulandos do I.P.E.S em entrevista com os atores observaram que na Língua Portuguesa não há hegemonia no “falar” mas que existem diferentes modos de se fazer o uso da língua na fala. A variante geográfica, pronúncia característica que varia de região para região, é usada pelos personagens Nico e Lau para expressar o humor, já que a sonoridade do dialeto cuiabano faz com que certas palavras como peixe de articulação fricativa [petche] e jeito [djeito] provoquem risos ao serem ouvidas. J. Astrevo (Lau) como ex-professor de Língua Portuguesa da Universidade Federal de Mato Grosso, revela nessa entrevista que seria ignorante de sua parte admitir a existência do “falar errado”, ele ressalta o valor do uso da variante oriunda da gramática normativa, entretanto, reconhece as diversas variações existentes em nossa língua. Nico e Lau “desmentem” a ideia de que os cuiabanos, caricaturados por eles são ignorantes ou preguiçosos, mas apenas arquétipos criados intencionalmente para mostrar à população o valor do povo e da cultura cuiabana, que por não ser conhecida a fundo, é alvo de preconceito, seja este social, cultural ou linguístico. A dupla ainda ressaltou que os episódios interpretados por eles em “Minuto de Humor/Papo Cabeça” estão tendo surpreendente repercussão no quesito informação, pois Nico representa cerca de oitenta por cento da população menos informada do país e Lau a conscientização da existência de epidemias, doenças, prevenções etc. Esse quadro, segundo a dupla, está ajudando a diminuir em porcentagens consideráveis os casos de dengue nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde as peripécias são exibidas. Essa entrevista, ou melhor, esta conversa descontraída fez com que nossos pré-vestibulandos enriquecessem seus conhecimentos através da verdadeira aula dada por J. Astrevo e Lioniê Vitório e ainda destruiu o “pré-conceito” gerado pela equivocada associação pessoa-personagem. E com o intuito de ratificar nosso maior objetivo, o de mostrar aos alunos que não há na fala o certo ou errado, e sim, o “falar diferente”, usaremos uma fala de Roman Jakobson “Em matéria de língua não há propriedade privada, tudo está socializado”.

28/03/2007 - Profª Gisele de Assis Rossi

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